quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chimpané perde direito de ser transferido para santuário.


A primeira delegacia criada em SP para cuidar de maus tratos aos animais chega a receber 400 denúncias num único mês. São maldades que incluem choques elétricos em cavalos e torturas em bichos que participam de circos.

Paulo GonçalvesCampinas, SP
Jimmy vive numa jaula no zoológico de Niterói há 13 anos. Entidades de proteção aos animais dizem que ele está isolado e pediram a transferência do chimpanzé para um santuário de primatas, em Sorocaba, interior de São Paulo.
A justiça do Rio de Janeiro negou o pedido. Disse que apesar do chimpanzé ser o parente mais próximo do homem, com 99,4% do DNA idênticos ao do ser humano, não pode ser considerado gente.
A decisão inédita repercutiu entre juristas e ambientalistas. “Nós vamos continuar lutando porque os chimpanzés são seres como nós, eles têm personalidade, cada um é um indivíduo diferente, eles têm sentimentos como a gente. Não podemos explorá-los”, diz Camila Gentile, veterinária do grupo de apoio aos primatas.
“A decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro está tecnicamente correta. O conceito do processo de liberdade do processo civilizatório é um conceito humano, mas essa preocupação com o bem estar dos animais é um avanço da humanidade, do ser humano”, diz Wadih Damous, presidente da OAB-RJ
Esse é só mais um capítulo da discussão sobre o direito dos animais. Cenas de maus tratos levaram nove estados e 50 municípios brasileiros a proibir a exibição de bichos em circos.

No ano passado, Campinas criou a primeira delegacia especializada na proteção de animais de São Paulo. Ela surgiu depois de um episódio que causou muita indignação na cidade: um homem amarrou um cachorro numa moto e o arrastou por dez quilômetros. O animal não resistiu.
A delegada recebe 400 denuncias por mês. Em mais de um ano pelo menos 100 acabaram em termo circunstanciado, equivalente a um inquérito. “A pessoa responde em liberdade, mas pode ser presa posteriormente, porque esse crime prevê pena de três meses a um ano de detenção e multa”, declara Rosana Vescovi Mortari, delegada.
No começo do ano, depois de ver imagens de maus tratos, o Ministério Público de São Paulo denunciou as prefeituras de Tarumã e de Assis por maus tratos a animais de rodeios.
Os peões machucavam os touros com chutes e pedaços de pau. Usavam um condutor elétrico para dar choques e apertavam a barriga deles com um cinto de couro. “Muita gente acredita que boi pula pra se livrar do peão, mas na verdade ele quer se livrar do instrumento que o está torturando”, diz Janaína Camoleze, ambientalista.
“A maldade humana com o animal hoje é com o ser humano amanhã”, diz Flávio Lamas presidente da Associação Campineira de Proteção aos Animais.
 Edição do dia 20/04/2011 Jornal Hoje TV Globo
20/04/2011 13h48 - Atualizado em 20/04/2011 15h16

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