quarta-feira, 5 de outubro de 2011

SAÚDE EM FOCO - COQUELUCHE

O retorno da coqueluche no Brasil
Especialistas estão surpresos com surtos de doença esquecida há 30 anos
A doença esquecida há mais de 30 anos e antes só vista na infância voltou com força, atingindo crianças e adultos. Altamente contagiosa, causada por duas bactérias chamada Bordetella pertussis e B. parapertussis, a infecção pode trazer sérias complicações, como pneumonia. E só tem um jeito de se proteger: vacinação.
Bordetella pertussis, um cocobacilo responsável por causar a coqueluche. É uma bactéria aeróbia, fastidiosa, gram negativa e que requer a utilização de maios de cultura especiais para o seu devido isalamento e identificação. Os primeiros relatos de coqueluche datam do século XVI, mas a bactéria só foi isolada pela primeira vez em 1906
A coqueluche (ou também conhecida como pertussis, tosse comprida ou tosse espasmódica) andava tão fora de moda que era tratada como “uma tosse que dava em crianças”. A volta da coqueluche é mesmo uma surpresa, depois de ter sido praticamente erradicada. No Brasil, o Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) registrou 427 casos no ano passado, 80% deles em bebês menores de um ano. E o estado de São Paulo anotou aumento de 83%, entre 2006 e 2010. No Rio, o número de casos notificados saltou de 13, em 2010, para 27 este ano até agora, segundo a Secretaria municipal de Saúde. Na América Latina, o número de casos da infecção pela bactéria Bordetella pertussis cresceu quase cinco vezes entre 2003 e 2008, segundo a Organização Panamericana de Saúde. Em todo o mundo são 50 milhões de casos por ano, com 300 mil mortes, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2010, foram registrados 9.774 casos num surto na Califórnia – 72% das vítimas eram bebês com menos de seis meses -, o pior em 50 anos. Na Austrália a coqueluche atacou 35 mil pessoas, de julho de 2010 ao mesmo período deste ano, e 40% foram internadas. Por que a bactéria voltou com tanta força?
  • Os sintomas
Os primeiros sintomas são semelhantes aos da gripe e consistem em tosse, coriza, febre e olhos irritados: pertencentes ao estágio catarral. O próximo estágio, paroxístico, se desenvolve cerca de duas semanas após o anterior e tem como característica acessos de tosses sucessivas, com intervalos variáveis. Estas podem estar acompanhadas de muco, e a ocorrência de vômito é possível.
  • Surtos em vários países
Especialistas ainda procuram resposta. A supresa da volta da doença foi tão grande que ainda há muitos médicos que demoram a desconfiar que o diagnóstico pode ser coqueluche e atrasam o pedido de confirmação laboratorial. O problema é que quanto mais tarde for feito o exame, mais difícil ter certeza do diagnóstico. A coqueluche é causada por uma bactéria e ocasiona tanto estrago no pulmão que acaba levando a outras doenças, como pneumonia. Ou ainda, em casos mais graves da doença, podem causar danos ao Sistema Nervoso, como convulsões e encefalopatias, o que pode levar o paciente a óbito. Além disto, a coqueluche pode atacar pessoas que tenham sido vacinadas na infância. Isso porque a imunidade começa a cair cinco anos após a vacinação. Quem já tomou vacina na infância tem sintomas mais leves, mas continua infectando outras pessoas. Por isso, é preciso tomar o reforço.
- Os adultos contaminam bebês no primeiro ano de vida sem vacinação ou imunização incompleta – explica Renato Kfouri, presidente da Associação Brasileira de Imunizações (SBIm, www.sbim.org.br).
De 20% a 25% das queixas de tosse contínua e seca por mais de 14 dias são coqueluche, explica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações Regional Rio de Janeiro (SBIm-RJ). E se a pessoa já começou a tomar antibiótico ou demorou a procurar o médico, é difícil confirmar o diagnóstico em exame de cultura. A transmissão acontece por contato direto.
- É importante vigiar e investigar sintomas. Muitos pais e avôs terminam contaminando seus bebês sem se dar conta disso – diz.
No Brasil, apenas o Instituto Adolfo Lutz em São Paulo faz, de rotina, o exame de PCR (sigla em inglês de Reação de Polimerase em Cadeia), mais sensível, rápido e eficaz no diagnóstico da coqueluche. O melhor então é se proteger com a vacina tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche, comum ou acelular ou inativada, que traz menos reações), disponível nos postos de saúde ou em clínicas particulares.
A vacina é indicada para bebês de dois, quatro e seis meses, com reforço entre 15 e 18 meses e entre 4 e 6 anos, segundo a SBIm. Adultos (inclusive grávidas) devem ser vacinados e consultar seus médicos quanto às doses. Além da vacina tríplice bacteriana, foi lançada a Adacel Quadra, de reforço, que previne coqueluche, tétano, difteria e inclui poliomielite.
Fonte: Baseado no texto de Antônio Marinho (amarinho@oglobo.com.br) | Agência

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