sexta-feira, 8 de junho de 2012

BIOLOGIA EM FOCO - NEUROPLASTICIDADE


Neuroplasticidade (Elkhonon Goldberg, Neurologista da Universidade de New York)


NEUROPLASTICIDADE
Elkhonon Goldberg,  Neurologista da Universidade de New York, 
Diretor do Instituto de Neuropsicologia e Funcionamento Cognitivo.

Sabia que o cérebro melhora com a idade?

As últimas investigações das Neurociências demonstram que o cérebro pode se regenerar mediante seu uso e potenciação, que a atividade mental modifica o cérebro e nos conduz ao que conhecemos como  sabedoria,  e que o cérebro muda de forma, segundo as áreas que mais utilizamos, segundo a atividade mental. 

Os modernos estudos demonstram que os cérebros das pessoas mais velhas não degeneram, mas tem uma evolução particular, de  acordo com a atividade realizada, o que torna essas pessoas “sábias” quando chega a velhice.

A chave para alcançar este sucesso se chama  neuroplasticidade: que significa moldar a mente, o cérebro, através da atividade. A atividade pode moldar a mente. 

Em março de 2000, investigadores da Universidade de Londres descobriram que os taxistas dessa cidade tinham uma parte do cérebro, o Hipocampo - região importante para a memória espacial -, particularmente desenvolvida, muito mais que o resto das pessoas. Os taxistas desenvolviam mais essa zona porque a exercitavam mais, memorizando a cada dia ruas e caminhos. Nesses homens e mulheres, sua capacidade para memorizar ruas e caminhos não diminuía, mas aumentava com o passar dos anos. 

Em 2002 cientistas alemães descobriram a mesma coisa na Circunvolução de Heschl dos músicos, área do córtex cerebral importante para processar a música.  Em 2004 os mesmos resultados tiveram o Instituto de Neurologia de

Londres, na circunvolução angular esquerda, estrutura cerebral importante para a linguagem, no cérebro das pessoas bilíngües.  Sabia  que nós podemos criar novos neurônios ao longo de toda a vida? Durante muitos anos se acreditou que, a partir de certa idade, o número de neurônios não se renovava mais. 

O esforço para criarmos novos neurônios pode aumentar mediante o esforço mental. Isto demonstra a importância de se manter uma atividade mental intensa, conforme envelhecemos. O exercício  físico protege nossa saúde cardiovascular. O exercício cognitivo protege nossa saúde cerebral e é fator de proteção contra demência e senilidade. 

Os efeitos são específicos: dependendo da natureza da atividade mental, os novos neurônios se multiplicam com especial intensidade em diversas zonas cerebrais, mas vão ficar nas zonas do cérebro que mais usamos.  Sabia que o Cérebro muda de forma segundo as áreas que mais utilizamos?

Nas pessoas, à medida que envelhecem, se dá naturalmente uma deterioração maior no hemisfério direito que no esquerdo. Isto ocorre porque usam mais o hemisfério esquerdo, que é o encarregado de colocar em marcha tarefas já aprendidas e consolidadas. Para aprender algo, necessitamos mais do hemisfério direito, mas quando alcançamos certo nível de perícia, essas atividades passam a ser controladas pelo hemisfério esquerdo. 

Ao longo da vida, acumulamos um repertório de destrezas cognitivas
(habilidades e capacidade para reconhecer padrões)  que nos permitem abordar novas situações com familiaridade. É o que  popularmente chamamos “EXPERIÊNCIA”.

À medida que envelhecemos, nossa atividade mental está mais dominada por essas “rotinas cognitivas”, pelo “piloto automático”. Isto não é ruim, pois permitem resolver problemas complexos mediante o reconhecimento instantâneo de padrões, sem muito esforço, problemas que podem representar um verdadeiro desafio para uma mente mais jovem.

Porém, a estimulação cognitiva, que obriga a utilizar o hemisfério direito, é um ingrediente no estilo de vida que ajuda a evitar a deterioração do cérebro.

A corrente científica dominante respalda a afirmação de que a vida mental intensa desempenha um papel essencial no bem-estar cognitivo, nas etapas avançadas da vida. Que tal a idéia de incluir o exercício cognitivo de forma regular, como um traço do nosso estilo de vida? Um FITNESS MENTAL !



Dalton Campos Roque – www.consciencial.org

quarta-feira, 6 de junho de 2012

SAÚDE EM FOCO - ALCOLISMO


ALCOOLISMO
Sinônimos:
Abuso e dependência química do álcool  
O uso de substâncias que modificam o estado psicológico tem ocorrido em todas as culturas conhecidas desde a Antigüidade mais remota. Costumavam ser associadas a rituais tradicionais nas várias culturas. Um remanescente desse aspecto ritualístico do uso de substâncias mantém-se na igreja católica que segue usando vinho durante sua celebração. O alcoolismo é uma doença que afeta a saúde física, o bem estar emocional e o comportamento do indivíduo. Segundo estatísticas americanas, atinge 14% de sua população e no Brasil estima-se que entre 10 a 20% da população sofra deste mal. O álcool é classificado como um depressor do sistema nervoso central.    
EFEITOS FÍSICOS  
Os efeitos físicos ocasionados pelo álcool são muito amplos no ser humano. Diminuição dos reflexos e sedação são comuns. O uso a longo prazo aumenta o risco de doenças como o câncer na língua, boca, esôfago, laringe, fígado e vesícula biliar. Pode ocasionar hepatite, cirrose, gastrite e úlcera. Quando usado em grande quantidade pode ocasionar danos cerebrais irreversíveis. Pode levar à desnutrição. Pode causar problemas cardíacos e de pressão arterial. É uma causa conhecida de malformação congênita quando usado durante a gestação.  
EFEITOS EMOCIONAIS  
Os efeitos emocionais e comportamentais são muito frequentes e variáveis conforme a tolerância do indivíduo e a dose ingerida. Perda da inibição, sendo que pessoa intoxicada com álcool pode fazer coisas que normalmente não faria, como, por exemplo, dirigir um carro em alta velocidade. Alteração do humor, ocasionando raiva, comportamento violento, depressão e até mesmo suicídio. Pode resultar em perda de memória. Prejuízo na vida familiar do alcoolista, ocasionando desentendimento entre o casal, e problemas emocionais a longo prazo nas crianças. Diminuição da produtividade no trabalho.   
COMO A PESSOA DESENVOLVE ALCOOLISMO  
Um indivíduo pode tornar-se alcoolista devido a um conjunto de fatores, incluindo predisposição genética, estrutura psíquica, influências familiares e culturais. Sabe-se que homens e mulheres têm 4 vezes mais probabilidade de ter problemas com álcool se seus pais foram alcoolistas.   
EFEITOS DO ÁLCOOL  
Geralmente está associado a outras condições psiquiátricas como transtornos de personalidade, depressão, transtorno afetivo bipolar (ou psicose maníaco depressiva), transtornos de ansiedade e suicídio.   
INTOXICAÇÃO POR ÁLCOOL  
Os sintomas dependem da concentração de álcool no sangue. No início do quadro a pessoa pode tornar-se séria e retraída, ou falante e alegre. Podem ocorrer crises de riso ou choro. Em geral ocorre sonolência. Gradativamente o indivíduo começa a perder a coordenação motora, apresentando dificuldade para falar e caminhar. Os reflexos tornam-se mais lentos. Intoxicações graves com concentrações maiores de álcool no sangue podem levar ao coma, depressão respiratória e morte.    
INTOXICAÇÃO PATOLÓGICA  
Caracteriza-se por intensas mudanças de comportamento e agressividade após a ingestão de uma pequena quantidade de álcool. A duração é limitada, sendo comum o black out (amnésia). Pela violência das manifestações pode ser necessário até internar o paciente além de medicá-lo. 
SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA AO ÁLCOOL  
Ocorre em pacientes que fazem uso de álcool em grande quantidade e por tempo prolongado, e que param de consumir a bebida. Os primeiros sintomas de abstinência iniciam 12 horas após parar de beber. Os sintomas mais comum são os tremores, acompanhados de irritabilidade, náuseas, vômitos, ansiedade, sudorese, pupilas dilatadas e taquicardia. Pode evoluir para uma condição clínica mais grave chamada Delirium por abstinência de álcool (Delirium Tremens)    
DELIRIUM TREMENS  
É uma emergência médica e, quando não tratado adequadamente, pode levar o paciente a convulsões e morte em até 20% dos casos. Inicia geralmente na semana em que o paciente para de beber. O paciente apresenta taquicardia, sudorese, febre, ansiedade, insônia. Pode apresentar alucinações, como, por exemplo, enxergar insetos ou outros pequenos bichos na parede. O nível de consciência do paciente "flutua" desde um estado de hiperatividade até um de letargia.    
COMO O MÉDICO FAZ O DIAGNÓSTICO  
O diagnóstico é feito através de uma anamnese (entrevista) com o paciente e sua família e exame físico. Os exames de laboratório não servem para diagnosticar alcoolismo, porém podem dar "pistas" se o paciente faz uso crônico de álcool, e conseguem dar uma idéia aproximada do grau de lesão de alguns órgãos ocasionado pelos efeitos tóxicos do álcool, como por exemplo no fígado.   
COMO SE TRATA  
Em primeiro lugar é preciso esclarecer que não existe um tratamento ideal para o alcoolismo. Por isso, os casos devem ser considerados individualmente, e a partir de um bom exame clínico, deve-se indicar o tratamento mais apropriado para cada paciente de acordo com o grau de dependência e do ponto de desenvolvimento da doença em que se encontra a pessoa. É preciso lembrar que as recaídas são comuns nos pacientes alcoolistas. Na grande maioria dos casos, o próprio paciente não consegue perceber o quanto está envolvido com a bebida, tendendo a negar o uso ou mesmo a sua dependência dela. Nestes casos, pode-se começar o tratamento ajudando o paciente a reconhecer seu problema e a necessidade de tratar-se e de tentar abster-se do álcool. A indicação de internação, pelo menos como fase inicial de desintoxicação, costuma ser a regra.  
Em ambulatório, os tratamentos disponíveis são a psicoterapia cognitivo comportamental e a psicoterapia de orientação analítica, realizadas individualmente ou em grupo.  
Os grupos de auto-ajuda, como os Alcoólicos Anônimos, têm-se mostrado uma das alternativas mais eficazes no tratamento do paciente alcoolista e no acompanhamento de sua família, o que costuma ser indispensável para o bom andamento do tratamento. Algumas medicações podem ser utilizadas para causar uma reação física violenta se a pessoa ingere álcool ou ainda bloquear a vontade e o prazer de beber.  
Fontes de informação sobre álcool, tabaco e outras drogas ou substâncias psicoativas   
           
1.     ABEAD - http://www.abead.com.br/  Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas A ABEAD mantém um boletim de acesso livre com destaques das notícias mais relevantes relativas a drogas de abuso. Apresenta também material de consulta restrita para associados.
2.     CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas www.cebrid.epm.br O site do CEBRID oferece informações em vários níveis de complexidade, incluindo levantamentos epidemiológicos nacionais entre escolares e na população geral.
3.     CREMESP – O conselho Regional de Medicina de São Paulo oferece uma boa introdução ao tema dos problemas decorrentes do uso de álcool, tabaco e outras drogas,  intitulada “USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS - Abordagem, diagnóstico e tratamento”. http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Publicacoes&acao=detalhes&cod_publicacao=23
4.     NIAAA - NIAAA National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism. www.niaaa.nih.gov/ O NIAAA oferece atualização focada no alcoolismo.
5.     NIDA -  National Institute on Drug Abuse   www.nida.nih.gov/ Este site apresenta informação sobre álcool, tabaco e outras drogas em vários níveis de complexidade e para públicos variados, desde adolescentes escolares até profissionais da saúde em busca de atualização.
6.      SENAD - Secretaria Nacional  www.senad.gov.br  A SENAD mantém disponíveis informações sobre todas as substâncias com potencial de abuso e levantamentos epidemiológicos relativos ao uso de drogas no Brasil. Apresenta, ademais, informações relevantes para organizadores de serviços para atenção a usuários de álcool, tabaco e outras drogas.
7.     VIVAVOZ - VIVA VOZ - 0800 510 0015 www.psicoativas.ufcspa.edu.br/vivavoz  O VIVAVOZ é um serviços modelo para informação sobre drogas de abuso. Oferece também informações via telefone, tanto para quem busca conhecimento quanto assistência clínica.
8.     UNIAD - Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas http://www.uniad.org.br/ A UNIAD mantém um site com farta informação de acesso livre organizada em largo espectro de complexidade. Mantém também esforços em Pesquisa e Assistência.
http://www.abcdasaude.com.br/